“Não esteja na Lua
desça à Terra.”
E o menino a replicar:
“Não me chega esta terra.”
“Seja realista, terra a terra.”
“Mas eu sou do tipo ar, ar.”
E os olhos do menino
já eram balões quando a professora
lhe ordenou que saísse.
Despediu-se da colega e disse:
“Conto estrelas em ti”. (*)
Ao sair, deixou na mesa da professora
o mais bonito avião de papel
que se possa imaginar.
Era uma prenda desesperada
de um menino triste
por não a poder contagiar.
Na sala, um silêncio ficou suspenso
por palavras que também quiseram
voar.
Teresa Guedes, in Real…mente, Caminho
- Numa altura , em que todos (enfim, quase ;-) andamos a ler poemas, a desvendar as suas artes&manhas, a escrevinhar versos para a nossa árvore da poesia, aqui fica este “Avionar” colhido no Entrelinhas da Escrita, um blogue cheio de ideias para despertar a criatividada na escrita, campo que Teresa Guedes (1057-2007) cultivou amorosa e sabiamente.
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