«Na minha rua, todos os dias se passam histórias fantásticas. Podem vocês achar que exagero, que não será bem assim, que todas as ruas são iguais e os dias iguais em todas as ruas… Pois aí é que vocês se enganam e eu vos direi porquê.
Para caçar uma história na minha rua, como na rua ao lado e em outra ou outras ruas, não é preciso dar muitos passos nem ficar muito tempo à janela. É preciso isso sim, estar à coca, cheio até aos olhos de atenção…
Às duas por três a história vem ter connosco. Muito sorrateiramente ela acaba sempre por vir ter connosco.
Depois agarra-se na história com muito cuidado, tiram-se-lhe as medidas, porque o mais das vezes, as histórias são demasiado compridas e emaranhadas para caberem nas páginas destes livros e passa-se tudo ao papel, de preferência pautado, para se meter mais umas coisas nas entrelinhas. Acabada a redacção, lê-se em voz alta, por causa dum tal bichinho do ouvido, que aprecia muito a música das histórias. E para terminar, põe-se a história à janela, a secar ao sol, ou não fosse ela da minha rua. É sempre assim que eu faço. Não custa nada. Sucede que, no caso da história que vou contar, as coisas, não se passaram, infelizmente, com tanta perfeição. Não fui eu que a agarrei, mas ela, a história que se agarrou a mim e com que força… Até me puxou os cabelos, a velhaca! Acontecem, às vezes, percalços destes e, afinal, ao escrevê-los também se compõe uma história. Espero que gostem.» António Torrado, “Uma história à solta na minha rua”
Nós gostamos,e muito, desta história e deste belo livro “risonhamente ilustradas pelo talento de Chico” como se pode ler na curta sinopse que a seguir se transcreve da contracapa: «Dar voz aos animais é próprio das fábulas. Mas nestas divertidas histórias de António Torrado, risonhamente ilustradas pelo talento de Chico, os animais não se limitam a falar entre eles. Também conversam connosco, protestam, refilam e armam grandes confusões no mundo dos homens. Pequenos leitores e leitores crescidos vão acertar o riso à volta do mesmo livro e nunca mais o irão esquecer»
- E para nossa alegria, fomos descobrir algumas destas histórias a “morar” num outro livrinho do autor, com desenhos também muito divertidos de Eduardo Perestrelo, intitulado O Jardim Zoológico em Casa, publicado pela Plátano, cremos que em 1978. Estava num armário de uma escola do 1º ciclo do nosso agrupamento e depois de passar pelas mãos da enfermeira de serviço da BE (pois tinha tido muito uso e o seu estado não era dos melhores) saltou para a prateleira das “relíquias”, como lhe chama uma senhora que trabalha na escola.
Mas aqui fica o registo das histórias de cada um dos livros:
O Jardim Zoológico em casa
Nove vezes nove? Oitenta e um, sete macacos e tu és um.
O jardim zoológico em casa (A rã Felisbela)
O Gato que era rei
Fu Chow , a princesa das pulgas
A cabrinha traquinas e o cavalheiro respeitável
Histórias à solta na minha rua
Uma história à solta na minha rua
Fu Chow , a princesa das pulgas
A Rã Felisbela
O grilo Grilarim cantarola no jardim
Nove vezes nove? Oitenta e um, sete macacos e tu és um.
Os bichanos também são manhosos