Vale a pena ler para reflectir -aliás vem mesmo a propósito pois no próximo dia 23 comemora-se para além do Dia Mundial do Livro, o Dia do Direito de Autor.
Como a Wikipedia entrou na sala de aula por Jacqueline Hicks Graz
(no Publico- Digital > sem acesso livre; no Washington Post > free of charge)
«Mais uma manhã de segunda-feira, e leio o meu e-mail para ver os trabalhos que os meus alunos de liceu acabaram durante o fim-de-semana. (…)
O meu aluno (…) estava a dizer-me que tinha usado a Wikipedia para o ajudar a responder a uma das perguntas do trabalho. O que não era claro era como a tinha usado.
Que parte da resposta dependia da Wikipedia? Tinha ele copiado algo ipsis verbis? Teria ele sido apanhado no que o comediante Stephen Colbert descreve como a “Wikialidade” – um mundo online feito de uma colecção de meias-verdades aceites por toda a gente?
No mundo online em que professores e alunos navegam, este tipo de ambiguidades é quotidiano. Para jovens que cresceram com um acesso instantâneo à informação, isto não tem nada de especial. Mas, para educadores treinados a identificar com precisão as fontes, decidir quais os limites do uso da Internet é com frequência problemático.(…)
Uns cliques no computador e o estudante contemporâneo encontra dados que poderiam ter levado à minha geração (dos anos 80) dias ou mesmo semanas a encontrar numa biblioteca. Isso pode não ser necessariamente bom, porque podemos estar a desenvolver o mesmo tipo de dependência que leva algumas pessoas a culpar as máquinas de calcular pelo declínio nas competências matemáticas.
Estaremos a criar uma geração de garotos que não conseguem formular um plano de pesquisa nem analisar dados? Um estudante disse-me: “É muito difícil para mim ler um livro ou um artigo de jornal comprido.”
Também há a questão do plágio e do copianço. O Centro de Integridade Académica da Universidade Duke fez um estudo com 12 mil estudantes universitários e 18 mil alunos de liceu; quase 40 por cento dos universitários e metade dos alunos de liceu disseram ter copiado a partir de fontes online. Isso incluía práticas como não citar fontes, comprar exames ou trabalhos online, e fazer corta e cola de informação da Internet.(…)
Tomar partido da habilidade natural dos míúdos com a aprendizagem online exige novas capacidades aos professores. A maioria das escolas não avalia professores sobre o seu uso inovador de tecnologia online. Muitos podem não ver com bons olhos o papel de “vigilantes” da ética da Internet. Será preciso mudar a forma como formamos professores.
Serão os professores capazes de acompanhar a geração iPod? A única resposta honesta é que ainda não sabemos. Só podemos ter certeza de que os alunos estão a usar recursos online. Já não podemos ignorar a sala de aulas que faz download. »
Anterior sobre este tema: «O que é plagiar?» (Notícia no JN ).