É já amanhã, dia 1 de fevereiro, no auditório da escola sede, pelas 10.10, que a Companhia de Teatro AtrapalhArte apresentará a sua versão de A Farsa de Inês Pereira de Gil Vicente.
«A peça foi escrita a partir de um desafio lançado pelos que duvidavam do talento de Gil Vicente. O autor concordou em escrever uma peça que comprovasse o provérbio “Mais quero um asno que me carregue do que cavalo que me derrube”, que retrata a ambição de uma jovem burguesa portuguesa do século XVI.» (continuar a ler em baixo)
Trata-se de uma Atividade do PAA para os Cursos Profissionais promovida pela Biblioteca em articulação com o Grupo de Português.
Como podemos ler no site da Companhia
«Gil Vicente viveu num país que colhia os frutos do desenvolvimento comercial, resultado da expansão marítima do início do Séc. XV. As transformações sociais decorrentes do sucesso lusitano nos mares foram registadas pelo autor, que não poupou críticas ao comportamento moral dos seus conterrâneos, crítica essa visível um pouco por toda a sua obra.
A Farsa de Inês Pereira, peça encenada pela primeira vez em 1523, apresenta um enredo capaz de envolver o espectador até hoje, passados quase quinhentos anos. Mostra um autor em pleno domínio dos recursos linguísticos, da cultura popular e dos mecanismos cómicos que caracterizavam a sua obra.
O ponto de partida para a escrita da peça foi um desafio lançado a Gil Vicente, já que questionavam a autoria das suas obras, sugerindo tratar-se de plágio. Propuseram ao escritor que criasse um enredo a partir do mote “Mais vale asno que me leve que cavalo que me derrube”, ditado popular da época.
A Farsa de Inês Pereira é considerada a peça mais bem-acabada de Gil Vicente, testemunhando o conflito de valores que caracterizou o humanismo em Portugal, incorporando na sua estrutura a simetria existente entre os dois termos dessa comparação: Pero Marques encarna o asno que carregará Inês, enquanto o Escudeiro é o cavalo que a derruba.
Para pôr em cena esses elementos, o autor utilizou na caracterização de Pero Marques aspetos que o aproximam de um asno: é parvo, teimoso, deselegante e servil.
O Escudeiro, ao contrário, assemelha-se ao cavalo, apresentando-se como um nobre e elegante cavaleiro.
Entretanto, essa semelhança termina na aparência, pois quaisquer outras características que se poderiam atribuir aos cavalos (como lealdade, generosidade ou valentia), ele não tem: é mentiroso, cínico, preguiçoso e covarde.
Para seguir à risca a comparação de superioridade que subjaz ao enredo (“mais quero asno que me carregue do que cavalo que me derrube”), é necessário mostrar que Pero Marques tem valores autênticos, os valores medievais, enquanto o Escudeiro Brás da Mata se move por interesses materialistas, como os que predominam na época de Gil Vicente.
Esta obra é recomendada pelo Plano Nacional de Leitura para o 10.º ano de escolaridade. » (retirado daqui)
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