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Poema de Abril

Posted by bibliobeiriz em Abril 15, 2010

25 poemas e canções para o 25 de Abril

A farda dos homens
voltou a ser pele
(porque a vocação
de tudo o que é vivo
é voltar às fontes).
Foi este o prodígio
do povo ultrajado,
do povo banido
que trouxe das trevas
pedaços de sol.

Foi este o prodígio
de um dia de Abril,
que fez das mordaças
bandeiras ao alto,
arrancou as grades,
libertou os pulsos,
e mostrou aos presos
que graças a eles
a farda dos homens
voltou a ser pele.

Ficou a herança
de erros e buracos
nas árduas ladeiras
a serem subidas
com os pés descalços,
mas no sofrimento
a farda dos homens
voltou a ser pele
e das baionetas
irromperam flores.

Minha pátria linda
de cabelos soltos
correndo no vento,
sinto um arrepio
de areia e de mar
ao ver-te feliz.
Com as mãos vazias
vamos trabalhar,
a farda dos homens
voltou a ser pele.

Sidónio Muralha – Poemas de Abril. Lisboa : Prelo, 1974

Uma resposta to “Poema de Abril”

  1. Manuela DLRamos said

    OS OLHOS DAS CRIANÇAS

    Atrás dos muros altos com garrafas partidas
    bem para trás das grades do silêncio imposto
    as crianças de olhos de espanto e de medo transidas
    as crianças vendidas alugadas perseguidas
    olham os poetas com lágrimas no rosto.

    Olham os poetas as crianças das vielas
    mas não pedem cançonetas mas não pedem baladas
    o que elas pedem é que gritemos por elas
    as crianças sem livros sem ternura sem janelas
    as crianças dos versos que são como pedradas.

    1963 OS OLHOS DAS CRIANÇAS, 25 poemas

    http://outlimoabencerragem.blogs.sapo.pt/515036.html

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