BiblioBeiriz

Serviços de Biblioteca – Agrupamento de Escolas Campo Aberto – Escola E.B. 2/3 de Beiriz

Archive for 22 de Abril, 2010

“Venham mais cinco”

Posted by bibliobeiriz em Abril 22, 2010

 

25 poemas e canções para o 25 de Abril

Zeca Afonso em 29 de Janeiro de 1983, no Coliseu canta esta canção de 1973

Venham mais cinco,
duma assentada que eu pago já
Do branco ou tinto,
se o velho estica eu fico por cá

Se tem má pinta,
dá-lhe um apito e põe-no a andar
De espada à cinta,
já crê que é rei d’aquém e além-mar

Não me obriguem a vir para a rua
Gritar
Que é já tempo d’ embalar a trouxa
E zarpar
A gente ajuda, havemos de ser mais
Eu bem sei
Mas há quem queira, deitar abaixo
O que eu levantei

A bucha é dura, mais dura é a razão
Que a sustem só nesta rusga
Não há lugar prós filhos da mãe

Não me obriguem a vir para a rua
Gritar
Que é já tempo d’ embalar a trouxa
E zarpar

Bem me diziam, bem me avisavam
Como era a lei
Na minha terra, quem trepa
No coqueiro é o rei

A bucha é dura (…)

Fonte

Do álbum homónimo:« Gravado em finais de 1973, em Paris, novamente com colaboração de José Mário Branco, inclui diversos temas escritos por Zeca durante o seu último período de ‘férias’ na prisão de Caxias, em Maio desse ano. É o disco em que o cantor conta com a participação de maior número de músicos (18, no total) e onde a poesia de Zeca atinge a sua expressão mais ampla, livre de significados imediatistas e de interpretações lineares. São, por junto, dez cantigas onde o tradicional lirismo de José Afonso se funde com uma grande ‘modernidade’ semântica (…) sem nunca perder o sentido daquilo que, para Zeca, foi sempre o fundamental: a agitação sociopolítica que as suas intervenções musicais pos­sibilitavam. Exemplos soberbos são Adeus ó Serra da Lapa, A Formiga no Carreiro ou Venham mais cinco, o último dos grandes hinos de Zeca deste período.Viriato Teles » in Verso do Verso

Posted in 25 de Abril, 25 poemas e canções para o 25 de Abril, 80 anos Zeca Afonso, poesia, Zeca Afonso | Leave a Comment »

“Vampiros”

Posted by bibliobeiriz em Abril 22, 2010

25 poemas e canções para o 25 de Abril

Zeca Afonso, 1963

No céu cinzento
Sob o astro mudo
Batendo as asas
Pela noite calada
Vêm em bandos
Com pés veludo
Chupar o sangue
Fresco da manada
Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhes franqueia
As portas à chegada
A toda a parte
Chegam os vampiros
Poisam nos prédios
Poisam nas calçadas
Trazem no ventre
Despojos antigos
Mas nada os prende
Às vidas acabadas
No chão do medo
Tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos
Na noite abafada
Jazem nos fossos
Vítimas dum credo
E não se esgota
O sangue da manada
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada
São os mordomos
Do universo todo
Senhores à força
Mandadores sem lei
Enchem as tulhas
Bebem vinho novo
Dançam a ronda
No pinhal do reiEles comem tudo
(…)
Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhes franqueia
As portas à chegadaEles comem tudo
(…)

Canção publicada pela primeira vez em 1963 no disco Baladas de Coimbra; foi pouco tempo depois probida; (republicada em 1982, 87 e 2006) ver aqui

Zeca Afonso a cantar esta canção no seu último concerto, em 29 de Janeiro de 1983, no Coliseu .

«VAMPIROS
Numa viagem que fiz a Coimbra apercebi-me da inutilidade de se cantar o cor-de-rosa e o bonitinho, muito em voga nas nossas composições radiofónicas e no nosso music­haIl de exportação. Se lhe déssemos uma certa dignidade e lhe atribuíssemos, pela urgência dos temas tratados, um mínimo de valor educativo, conseguiríamos talvez fabricar um novo tipo de canção cuja actualidade poderia repercutir-se no espírito narcotizado do público, molestando-lhe a consciência adormecida em vez de o distrair. Foi essa a intenção que orientou a génese de “Vampiros”, entidades destinadas ao desempenho duma função essencialmente laxante ao contrário do que poderá supor o ouvinte menos atento. A fauna hiper­nutrida de alguns parasitas do sangue alheio serviu de bode espiatório. Descarreguei a bilis e fiz uma canção para servir de pasto às aranhas e às moscas. Casualmente acabou-se-me o dinheiro e fiquei em Pombal com um amigo chamado Pité. A noite apanhou-nos desprevenidos e enregelados num pinhal que me lembrou o do rei e outros ambientes brr herdados do Velho Testamento. José Afonso» in Verso dos Versos, AJA

Posted in 25 de Abril, 25 poemas e canções para o 25 de Abril, 80 anos Zeca Afonso, poesia, Zeca Afonso | Com as etiquetas : , | Leave a Comment »

A seguir: “Cegonhas na Web”-

Posted by bibliobeiriz em Abril 22, 2010

O Ninho da Renata

«O projecto “Cegonhas na Web”- Condoninho da Renata resulta da parceria entre a FCCN, REN e jornal Público, com o objectivo de transmitir em directo imagens de um ninho para o público em geral. » in Canal Cegonhas na Web

Posted in Animal, Ciências da Natureza | Leave a Comment »